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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pequeno Conto da Vida Real

Quando chegou chovia.
Era o último dia do ano em que a conheceu, e se sentia tão orgulhoso disso, tão feliz por haver existido o segundo dia do sétimo mês, e aquela fila tão grande, e aquela amiga que por sorte do destino era amiga em comum.
A cada passo que dava em direção a casa dela, cantava com o peito um hino de devoção ao acaso, com um sorriso desses bobos que as pessoas desentendidas insistem em etiquetar como sinal de loucura – talvez esteja mesmo louco -, caminhava como que quase dançando, quase um rei, e se sentia a pessoa mais afortunada do mundo. Mais afortunado inclusive do que todos aqueles que tiveram a sorte de, naquela mesma noite, ocupar as varandas dos edifícios que existem diante do mar de Copacabana pra estourar champagne, estourar os últimos segundos de um ano mais, acenar bonito pras novas oportunidades. Sentia-se silenciosamente feliz, e digo silenciosamente porque Coruña fazia muito frio e as ruas estavam completamente vazias ainda, e o chão parecia bronze polido, brilhante pela chuva fina que caía preguiçosamente. E ainda, silenciosamente, por estar dentro daquele pequeno intervalo de tempo e de espaço que transcorria entre o final da rua estreita de pedra e os oito níveis de escadarias que os separavam. Mas acelerou, e a viu gritar seu nome da janela do quarto andar. Sorriu outra vez, e agora já não tão silenciosamente.
Quando chegou ela era sorrisos, e de uma maneira curiosa sorria ainda mais bonito, parecia haver guardado o melhor do dia para quando seu amor chegou.
Era alegria, era elogios e beijos, e fê-lo ter certeza de que de fato era um rei, o seu rei.
Quando chegou até ela, chegou com o próprio coração na mão direita estendida, como se fosse tudo o que podia oferecer. E era. Esse era o lado de dentro.
Mas do lado de fora, quando chegou, ela era o abraço quente apertado que o fez quase esquecer que fora fazia muito frio se não fosse pelo nariz ainda gelado que tocava o rosto dela. Eram um par, tinha assim a certeza de que agora já não faltava mais ninguém.
E a casa se encheu dos dois.

Por Dani Cabrera

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